Já andei contando por aqui sobre o meu amor pelo futebol e como tudo começou. E, mais, o que consegui na minha vida profissional por causa dele: de encontros com chefes de estado, príncipes, como Angela Merkel, Vladmir Putin e Albert de Mônaco, a coordenar o serviço de Protocolo de uma final de Copa do Mundo no Maracanã em 2014.

Como aconteceu em todos os países, esses meses de pandemia, coronavírus, dúvidas, o futebol precisou sumir dos campos. Há alguns meses, ficamos com algumas transmissões pela tevê e só. Sinto muita saudade. Gosto da ida as estádios. Em 2019, foi uma maravilha: o meu time de coração, Flamengo, foi campeão brasileiro e da Libertadores. Muita alegria.

Quiseram os deuses do futebol que eu voltasse a ver um jogo em Lisboa. Sabe se lá por que fui duas vezes ao conhecido Estádio da Luz para ver o Benfica jogar. Destino diriam uns, coincidências diriam outros.

Sport Lisboa Benfica do treinador Jorge Jesus que levou meu Mengão a tantas vitórias dois anos atrás. Da primeira vez, fui pelo campeonato português numa partida contra o Boa Vista e na segunda contra o espanhol Barcelona pela Champions League. Quando na minha vida eu poderia imaginar ver um jogo pelo campeonato europeu ao vivo e em cores? Duas vitórias, aliás.

Ainda com receio dessa volta, resolvemos nos aventurar. Em Portugal, o índice de vacinação atinge algo em torno de 85% da população com as duas doses ou com a dose única da Janssen. Os casos de internação são baixíssimos e os de morte contam-se nos dedos das mãos. O país segue na dianteira daqueles que mais vacinaram relativamente seus habitantes. A população respeita o uso de máscaras e distanciamento nas filas e nas lojas.

Diante desse cenário, as regras de convivência foram revistas. Brasileiros podem viajar para as terras portuguesas desde o dia 1º de setembro, por exemplo. E os estádios puderam reabrir seus portões. No entanto, ainda seguindo algumas regras sanitárias, tais como: distanciamento entre os assentos, uso de máscara (nem todos usaram, mas….), álcool nas entradas dos túneis que dão acesso às cadeiras, apresentação do passaporte da vacina ou do teste negativo da Covid-19 e muita checagem de segurança na entrada.

Para a primeira partida, não tivemos muita dificuldade em comprar os ingressos. Detalhe: são nominais e contém o número do documento de identidade de cada torcedor. Já para a da Champions League nos deparamos com a venda de ingressos antecipados somente para associados. Ops, bateu um desespero!

Acabei descobrindo no site do time, quase 15 dias antes do jogo, que seria posta à venda um quantidade menor de ingressos.

Sob um sol brilhoso, mas tímido de outono, chegamos ao estádio numa sexta-feira meia hora antes das bilheterias abrirem. Eram 8h30 da manhã. Havia mais ou menos 10 torcedores na nossa frente. Alívio. Achávamos que encontraríamos um fila grande. Afinal, estamos habituados às enormes filas para a compra de ingressos para os jogos do Flamengo no Rio.

A organização foi nota 10. Muitos guichês abertos desde a abertura. Funcionários aptos a explicar tudo, inclusive, a localização dos poucos assentos disponíveis. Ficamos no terceiro nível do estádio onde pudemos pegar 3 assentos um do lado do outro. Por conta da necessidade de distanciamento havia pouca opção. Enfim, deu tudo certo.

Na mesma tarde do jogo, fiz um teste antígeno já que não tenho a carteira digital de vacinação aceita na União Europeia. Com o resultado negativo, me mandei para o estádio. Na entrada, o de sempre: torcida à espera do controle de ingressos e a revista da equipe de segurança para homens e mulheres. Faz parte.

Subimos muitas escadas para alcançar nossos lugares. Mas, enfim, nos sentamos e mergulhamos no clima de estádio com aquele espírito esportivo que tanto curto.

O Benfica tem algumas particularidades protocolares que valem a pena contar. O hino, por exemplo, que começa com um tom cerimonioso cantado por uma voz masculina gravada, continua com o canto da torcida que coloca a mão no coração durante a execução. Em um determinado momento, a gritaria toma conta dos torcedores. Todos deixam de seguir a voz gravada e seguem cantando, gritando, batendo com os pés do chão.

Depois, a águia de cabeça branca Vitória, mascote do time, faz seu voo em torno do campo ao som das vozes animadas da torcida. Ela é um espetáculo à parte. Eu já havia visto a águia em uma visita guiada ao estádio há alguns anos. Sim, ela faz parte do tour do Estádio da Luz.

Mas, eu tinha curiosidade de ver a águia voando em dia de jogo. Me impressionou como ela é bem treinada e não se abala com os gritos animados. Retorna ao seu lugar colocado no centro do gramado para reencontrar seu treinador. É impressionante.

O Benfica ganhou de 3×0. O Barcelona tem bons jogadores, mas não é mais aquele do Messi. Teve pênalti, cartão vermelho, substituições e o melhor futebol ao vivo. Foi uma noite espetacular. Apesar dos 16 graus, nem senti frio. Estava agitada com esse retorno. Agradeço aos deuses do futebol. Dei sorte de estar em Lisboa na data dos jogos.