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O que meus olhos não veem

Sou fascinada por janelas, melhor dizendo, por vistas, sejam elas físicas, emocionais ou espirituais. Amo chegar a uma janela e ver aquilo que ela me permite ver. É como se ela me delimitasse o que meus olhos não veem. Mas, ao mesmo tempo, é uma oportunidade de ver aquilo que não quero ver.

Pode parecer louco, mas é assim que sinto. A janela me limita uma visão. Ela me diz o que eu posso ou não ver. Se eu quiser ver mais, preciso ir além dela. Preciso sair dos limites impostos por ela. Mas, se ao mesmo tempo, ela estiver fechada, não dá mesmo para ver.

Gosto também de refletir o que as pessoas fazem com as suas janelas. Acho que, na maioria das vezes, elas só nos permitem ver o que elas desejam. Se escondem. Se fecham. No entanto, isso não significa que, por vezes, se abram e nos deixam enxergar um pouco mais delas mesmas. Acredito que acontece porque desejam se expor de verdade. Isso é bom! Assim, conseguimos nos comunicar melhor.

Ando refletindo muito a respeito disso talvez por conta do local onde estou atualmente. Tem janelas por tudo quanto é canto. Além disso, quando saio para visitar outros espaços, sejam eles museus, restaurantes, lojas sempre busco alguma janela. Elas me atraem. Me perco no que há do lado de fora. Se a paisagem é do mar, do verde ou do céu azul melhor ainda. Posso ficar minutos e minutos só olhando para fora.

Curto olhar para fora seja num dia de sol, de chuva ou nublado. Esses momentos me trazem a possibilidade de abertura das minhas janelas internas. Procuro me abrir para enxergar o que os meus olhos não veem. A vista nem sempre é a que eu gostaria de enxergar. Mas, sem dúvida, é uma chance de me conhecer melhor e tocar a vida em frente.

Aquilo que eu conheço me liberta de qualquer ameaça externa e, principalmente, interna. Salvem as janelas.