Acordei cedo como de costume.
Levantei com o barulho das rolinhas que visitam a nossa sacada desde o início da pandemia. Acho que algumas devem ter nascido em um dos muitos ninhos que descobrimos entre as plantas. Segundo o Dr. Google, elas podem viver até 10 anos, caso algum predador – por aqui, o gavião – não acabe com a existência delas.
Fiquei observando o alvoroço que fazem diante dos potinhos abastecidos de comida. Surgem do nada e famintas. Ao mesmo tempo, eu esperava que a coragem me invadisse para fazer uma das corridas guiadas da professora Carol Brasil. Que preguiça.
Recomeçar depois de alguns dias de relax é terrível. Parecia que eu nunca havia feito nenhuma atividade física. Onde encontrar vontade?
Foi só começar a ler as notícias no celular que o meu ânimo levou um soco de realidade. Tristeza.
É temporal trágico no litoral norte de São Paulo, outro terremoto em escala menor na Turquia, um ano da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, mortes durante a passagem de um bloco em uma praça em Magé, no Rio de Janeiro.
Lembrei de um post de dias atrás. Será que tenho direito de reclamar? Posso deixar que meu lado preguiçoso prevaleça? Tem gente sem lar ou que chora seus mortos. Por que eu devo sucumbir à minha indolência?
Devo é orar por quem ficou e por quem partiu desse mundo debaixo de tanta água, lama e de tanta displicência do poder público. Devo torcer para que os escombros sejam retirados e que sírios e turcos possam retomar suas vidas o mais breve possível. Devo ter fé para que essa guerra estúpida acabe. Devo ter compaixão e chorar por aqueles que se foram apenas porque estavam curtindo uma festa carnavalesca de rua.
Se cada uma dessas pessoas vai lutar por ajuda para seguir em frente, não serei eu a idiota a fraquejar. Ter forças para recomeçar é difícil, mas não impossível.
Me vesti e saí para correr. No meio do treino, já estava melhor. Quando retornava à calma, meditei. Orei e clamei ao universo que ajude a todos que precisam recomeçar. Que a garra esteja com todos. May the force be with you.
