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Sem direito de reclamar

Chuva torrencial – todo verão acontece –  desaba sobre o Rio de Janeiro. O Flamengo perde mais uma vez a chance de ser bicampeão do mundo no Marrocos. Decepção. Imagem de uma bêbe com horas de nascida sendo resgatada dos escombros provocados pelo tremor de terra na Turquia. A mãe faleceu. Lá pelas 10 da noite, um dos apartamentos do prédio foi invadido pela água que descia de uma obra da unidade acima.

A escada se tornou um rio que chegou até a garagem do subsolo. Por sorte, a bomba começou a funcionar automaticamente. Do contrário, carros iriam boiar.

Tudo acontecendo em um mesmo dia.

Passei a tarde na espreita do temporal que ameaçava chegar. Receava que a falta de luz não me permitiria assistir a partida do Mundial de Clubes. Quando chove muito no meu bairro, a energia costuma falhar.

Já contei por aqui sobre o complô dos eletroeletrônicos que pifaram ao mesmo tempo. Há poucas semanas, por causa desses piques de luz, precisei trocar o forno de micro-ondas.

A tempestade trouxe também a atenção com o lixo que estava à espera do serviço municipal de limpeza. Os sacos pretos flutuavam e foram levados pela correnteza na direção da tubulação de rua. Resultado: o volume de água cada vez maior entrou nos prédios. Uma das tampas do bueiro do nosso jardim se deslocou.

Tarde da noite, quando finalmente acabamos de ajudar a moradora do apartamento inundado, tentei dormir. Nada. A adrenalina e a tristeza por conta do resultado negativo do jogo não me permitiram relaxar. Não sei quando consegui. Sabia que pela manhã havia um treino para cumprir.

Acordei no susto. Me dei conta, enquanto tomava o café e lia as notícias, que por mais desagradável que meu dia anterior pudesse ter sido, não tinha nada do que reclamar. Há sempre questões maiores.

Por conta da chuva na cidade do Rio – até o momento que escrevo – 4 pessoas perderam a vida. O terremoto na Turquia e na Síria deixou até agora mais de 11 mil mortos e milhões de desabrigados sob um inverno congelante.

O responsável pela obra vai reparar os estragos causados pelo vazamento no apartamento. Quanto ao Flamengo, derrotas servem para refletir sobre ações equivocadas do passado. Errou precisa rever as atitudes e definir as responsabilidades.

Depois, da corrida na academia tive mais certeza que não devo e não quero criticar nada e nem a ninguém. Quero e devo seguir em frente.