Me disseram que ele chegou em 20 de março e por aqui fica até 20 de junho. Sabendo disso me alegrei e muito. Dias mais frescos, suor sob controle e diminuição dos calores insistentes da menopausa – esses não me abandonam. Tudo muito irritante, deselegante e chato.
Soube também que ele vem de mansinho como todas as outras estações. “Nada acontece na natureza de uma hora para outra”, foi o que ouvi de especialistas. Antes que se instale, o outono vai, aos poucos, anunciando o que vem pela frente e como vai mudar as nossas vidas. No meu caso, para melhor.
Há dias nublados, outros com chuva leve, alguns secos e outros com temperaturas do verão carioca: altíssimas. No fim de semana passado, os termômetros passaram dos 40 graus e a sensação térmica bateu o recorde anterior de 60 graus.
Custei a acreditar que era real o que enxerguei naqueles relógios urbanos logo pela manhã: 36 graus. Levei um susto. Me resignei à realidade do forno carioca, puxei a aba do boné para baixo e tomei o rumo de casa o mais rápido que pude. Haja saúde e resiliência.
Nasci em um subúrbio do Rio, onde fui criada. Deveria estar habituada ao calor. No entanto, os últimos tempos têm sido terríveis. Sei que a idade e a menopausa são parte importantíssima do que sinto. Mas, está complicado suportar as ondas de calor. Dizem que a culpa é do fenômeno climático “El Niño” que aquece as águas do Oceano Pacífico e empurra as temperaturas para cima. Segundo o que li, esse foi o mais intenso dos últimos anos. De certa forma, até me tranquilizei. Não fui eu a única a sofrer tanto.
Ouvi dizer também que outro fenômeno de igual importância vai chegar com o inverno brasileiro. “La Niña”, ao contrário de seu antecessor, esfria as águas oceânicas, o que traz temperaturas mais baixas, frentes frias, chuvas mais intensas e clima mais ameno.
Por hora, mesmo com a anunciada chegada do outono, ainda estamos sob essa influência quente do “El Niño”. Como citei acima nada acontece de maneira rápida na natureza. Tudo tem seu ritmo.
Do meu lado, torço do fundo do coração que não precise andar com tantas toalhinhas e lenços de papel por aí. O excesso de suor me desgasta e me tira do prumo.
Deixo aqui mais um recadinho: “Querido outono, me ajuda a ser uma mulher melhor, mais calma, paciente e com pressão arterial sob controle. Desde já, agradeço”.
