Categorias:

Refletindo sobre as ondas de calor

Aqui, do meu cantinho no Rio, fico pensando por que faz tanto calor. Como já escrevi, sofro muito com as altas temperaturas. Quem está na menopausa, e se sente as fortes ondas de calor,  sabe do que estou falando.  

Chego a perder o rumo de mim mesma. Dos sintomas desagradáveis da menopausa esse foi o que mais vem perdurando e há anos. Não consigo encontrar uma saída. Minha pressão arterial também cai muito, o que me deixa como uma tartaruga. E o verão ainda não chegou.

Todo ano a gente fala sobre o mesmo assunto. No entanto, agora está muito mais complicado.

Tenho acompanhado bem de perto o que os especialistas em clima estão comentando sobre os picos de calor e outros que podem vir. Fico assustada com os prognósticos. Aquecimento global, El Niño, risco de apagão, chuvas torrenciais, seca em muitas regiões do mundo geram matérias em veículos da mídia mundial.

Me assombro mais ainda quando percebo que são poucas as pessoas que procuram entender o que está acontecendo com o planeta. Por outro lado, aqueles que têm o poder de investimento em novas práticas e em mudanças de leis não parecem acreditar – ou, quem sabe, fecham os olhos – ao novo normal do clima.

Passei uma temporada na Alemanha por causa do meu filho, nora e neta. Cheguei no verão. Posso dizer que me espantei com as temperaturas, com a secura do ar, as poucas chuvas e o nível dos rios. Não foi a primeira vez que estive por lá no mesmo período do ano. Portanto, é possível a comparação. Até os campos de girassóis estavam tristes.

Eles vivem em um local a 45 minutos de carro de Frankfurt, no sudoeste do país. O clima é mais agradável do que em outras regiões alemães e raramente neva no inverno. Cortada pelo rio Neckar e o rio Reno, a cidade tem uma variação entre a máxima e mínima não tão expressiva. As temperaturas tendem a ser mais amenas.

Pois bem, levei um baita susto quando, lá pelas 9 horas da manhã de um dia ensolarado, atravessava a ponte Kurpfalzbrücke, uma das que divide os dois lados da cidade. O imenso painel de led instalado no alto de um dos poucos prédios altos, para os padrões locais, apontava 35 graus. Achei que era uma miragem. Estou habituada a ver essa temperatura nos paineis-relógios do Rio. Mas, na Alemanha, era mesma uma novidade.

Prossegui meu caminho rumo ao supermercado. Carregava uma garrafinha de água, usava boné, bermuda e calçados super confortáveis. A imagem dos 35 graus não saia da minha cabeça.

Antes passei por uma loja de itens variados – vende desde botão até panelas, tampo de vaso sanitário e comida para cachorro – e quase cai de tanto calor. Alemães têm restrições ao ar-condicionado. Acho que pensam que vivem ainda em um país totalmente frio. Saí correndo. Achei que ia desmaiar, o que obrigaria os funcionários a chamar a ambulância dos bombeiros ou da Rote Kreuz, Cruz Vermelha.

Caminhei rápido rumo ao supermercado. Lá o ar condicionado bombava. Comecei as compras pela área dos laticínios. Estava ótimo.