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Um domingo com vitória da Seleção Brasileira de Futebol

Há 20 anos, a minha emoção se misturou com trabalho e preocupação. Acho espetacular lembrar desse dia em fase de Copa do Mundo. Espero sentir essa emoção de novo agora em 2022.

Fã de futebol, torcedora do Flamengo, precisei segurar meu coração e dar conta das minhas tarefas desfiadoras durante a final de 2002. Era apenas um domingo de junho que poderia terminar maravilhoso ou se transformar em um grande desastre nacional.

Coordenei pela área de Relações Públicas e Eventos da TV Globo, a primeira transmissão intercontinental e digital de um jogo de futebol. Eram 300 convidados distribuídos em duas salas de cinema na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro. Havia muita ansiedade depois da tristeza de 1998 na França.

Foram algumas noites para testar o sinal de satélite, o áudio, a qualidade da imagem que viria de mais de 18 mil quilômetros de distância, lá de Yokohama no Japão. Tudo era novidade.

Naquele domingo, saí de casa muito antes dos passarinhos piarem na minha janela. Acho que nem dormi. Afinal, os últimos ajustes foram feitos na madrugada do mesmo dia da partida. O pontapé inicial seria às oito horas da manhã daqui e oito da noite no Japão.

Não preciso nem dizer que a expectativa era do tamanho do Brasil. Humm, e se a seleção brasileira perder para a Alemanha? O que vou fazer para amenizar a decepção dos convidados? O que dizer para as diferentes equipes que acreditavam, sim, que era possível superar o desafio? Minha cabeça era um turbilhão de ideias, palavras.

Mas, como dizem por aí, quiseram os “deuses do Futebol” que Ronaldo colocasse duas bolas certeiras na rede do alemão Oliver Khan. A transmissão foi tão incrível que naquela tela imensa deu para ver as gotas de suor na lateral do rosto do goleiro. Não dá para esquecer.

A câmera do fundo da rede captou o exato momento em que o Fenômeno arrancou em direção ao primeiro golaço brasileiro. Mágico. A plateia veio abaixo. Gritos e palavrões inundaram a espaço. Eu estava sentada no escurinho numa escada ao fundo da sala. Paralisei. Não sabia se apreciava a euforia dos convidados e da equipe técnica. Que cena, gente!

Doze minutos depois, Ronaldo fez jus ao seu apelido: outro golaço fenomenal. Colocava um fim à aflição dos brasileiros, da nossa plateia e da coordenadora também. Eu só queria rir, abraçar meus companheiros, chorar de alegria. Só faltava o Cafu erguer e beijar a taça. Tudo deu certo!

Hoje, fico pensando o que aconteceu em 2014. Dessa vez, de fato eu vivi a angústia de uma derrota inominável de dentro do palco da Copa. Era a responsável pela área de Protocolo do Maracanã. Deixo aqui o link no qual conto sobre esse sofrimento que até hoje, pelo menos, para mim é inexplicável. O que mais lembro é do silêncio que pairou sobre o país e sobre a nossa equipe. Dor inesquecível. Não quero passar mais por essa sensação. Quero o hexa!