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Natal e o cardápio da discórdia

Podemos dizer que o cardápio de Natal tem cheiro, gosto e inclinação para a discórdia. Tem gente que gosta de passas – sou dessas – tem gente que odeia com todas as forças da sua alma. É passas no arroz, na farofa, na salada. Tem gente que gosta de azeitona, outras nem tanto, outras ainda detestam.

Esse ano pelo o que andei ouvindo a polêmica pode ser o coentro. Dizem os estudiosos que há uma explicação científica para tanto ódio. Existe uma substância química presente nesse tempero que está também na secreção de alguns insetos. Daí, que para certas pessoas o cheiro do coentro é insuportável. Detalhe: até agora não entendi por que o coentro surgiu no tema “cardápio de Natal”.

Mesmo o tradicional bacalhau e o onipresente peru assado sofrem por fazer parte desse cardápio da discórdia. Tenho para mim que esse talvez seria um dos motivos da fartura das ceias. Quem sabe? Tem sempre um tio, uma madrinha, um cunhado que se irrita só de imaginar que não mereceu a atenção devida.

Há muitos anos não como carne, nem de suínos nem de aves. Já contei como foi o derradeiro motivo da minha aversão. Se não leu, está aqui nesse link: foi num almoço de domingo com sete ou oito anos de idade. Ou seja, ceia de Natal poderia ser um problema, mas se tem bacalhau deixa de ser. (É o caso da minha mesa da foto de abertura) E, também se não tiver, como passas, farofa, salada, frutas e já me dou por satisfeita, pois adoro o espírito de Natal.

Vibro com esse clima de dezembro. Excelentes lembranças de criança. As noites do dia 24 de dezembro eram na casa da minha avó em São Cristóvão no Rio de Janeiro. Uma casa antiga com janelões altos, pé direito idem e chão de tábua corrida.

Cheiros maravilhosos saindo da cozinha, principalmente das rabanadas. Essa memória colou tanto em mim que nunca mais comi uma. Fico só esperando se ainda haverá um dia em que eu possa ficar perto de um fogão esperando para me deliciar com as rabanadas ainda quentes.

No mais, acho que deixando a comida de lado – pode ser clichê – mas, o que importa é estarmos juntos. Ainda mais, nesses dois anos de pandemia: estar com saúde e vacinados já é um golaço de Natal. Valeu, Papai Noel!