Categorias:

Marta, obrigada pelos gols que nunca farei

8 de março, Dia Internacional da Mulher,  é um bom dia para agradecer os gols, dribles e jogadas geniais de Marta e, também, de Cristiane, Formiga, etc, etc. E, por que não, obrigada à americana Megan Rapinoe e à espanhola Alexia Putellas, do Barcelona – recebeu a “Bola de Ouro” como melhor jogadora de futebol do mundo em 2021. Obrigada também a tantas outras meninas e mulheres que jogam futebol pelo mundo afora. Acho que é o futebol feminino tem essa força, persistência e luta que está na luta de todas as mulheres.

Esse agradecimento tem uma razão pessoal e específica. Mais uma vez, escrevo sobre a minha paixão pelo futebol. Já fiz isso inúmeras vezes. Contei que fui levada ao Maracanã com 4 anos pelo meu pai e um tio em meio a uma torcida animada nas velhas arquibancadas do estádio. Fui assistir um jogo do Flamengo, meu time de coração. O amor perdura.

Mas, havia uma coisa me que atraia e me atrai muito: o gol. Até hoje, fico imaginando o que passa na cabeça de uma jogadora ou de um jogador no momento em que a bola balança a rede. Adoro rever aquela câmera lenta de vários ângulos quando a bola quase esgarça a rede a deixando desfigurada até.

Quando menina, invejava meu irmão que podia jogar futebol. E eu curtindo meu quarto, minhas leituras, amigos imaginários, bonecas, histórias. Não que eu não gostasse das brincadeiras que inventava. Mas, chutar uma bola e fazer um gol era um sonho. Não havia meninas, pelo menos, no meu círculo social que jogassem futebol. Não era uma atividade feminina: era coisa de menino. Só em 1979, o futebol deixou de ser proibido para as mulheres.

Em julho de 2007, durante os XV Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, participei da equipe que organizava a área de hospitalidade das instalações da Barra da Tijuca, do Maracanã, do Maracanãzinho e do Engenhão, hoje, Estádio Nilton Santos.

Foi uma surpresa quando foi escalada para trabalhar durante um jogo da seleção feminina brasileira de futebol. Depois, trabalhei na final quando as jogadoras brasileiras ganharam de 5×0 dos Estados Unidos – 2 gols de Marta, 2 de Cristiane e 1 de Daniela – e conquistaram a medalha de ouro. Foi um dia memorável, ainda mais para mim que a cada gol feito pelas meninas realizava nos pés delas meu sonho de fazer um gol.

Sei que muita gente não dá a mínima para esse “Dia Internacional da Mulher”, acha bobeira, diz que todo dia é dia da mulher. Por um lado, posso até entender esse ponto de vista. No entanto, fico pensando nas dificuldades que cada atleta, que cada mulher passa no dia a dia. As jogadoras são exemplos. Vejo nesse dia uma super oportunidade de reafirmar nossa garra, conquistas, alianças, desejos e seguir em frente.

Portanto, acho melhor mesmo ter um dia específico. Dia para que muitas vozes femininas de qualquer local do mundo possam ser ouvidas e falem por aquelas que não podem se pronunciar seja pelo motivo que for.