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Envelhecimento e respeito

Não paro de pensar no assunto: envelhecimento. Ok! Não posso reclamar! Não posso nem pensar em reclamar. A menopausa ainda mantem um papo comigo. Vez por outra cisma de reaparecer e exibir seus dotes desagradáveis. A pele já não tem o mesmo viço. Mas, se estou envelhecendo estou viva. Vou tocando a vida como ela se apresenta. Enfim, vamos em frente!

No entanto, esses tempos de Europa, vão me mostrando o quanto ainda precisamos caminhar no Brasil quando falamos sobre tema.

Dias desses, estive em Colmar. Uma cidadezinha linda, medieval – parece cenário da Disney Filmes – na Alsácia, nordeste da França, a 45 minutos de Basel, Suíça, e perto da fronteira alemã.

As vielas, o calçamento, as pequenas casas, estão bem preservadas e se tornaram uma atração turística. É esse o ativo do qual o lugar vive: turismo. Por conta disso, o comércio é vibrante. Lá, se instalaram muitas brasseries, lojas de doces, de queijos e das geleias da região e, principalmente, de vinhos. Colmar faz parte da conhecida rota dos vinhos da Alsácia, como os Riesling e Gewürztraminer.

Carros não podem circular pelas estreitas ruas nem estacionar em qualquer local. Como em outras cidades europeias, há um grande estacionamento subterrâneo embaixo da praça principal. Pago, óbvio. Você que ande até alcançar o centro histórico que remonta ao século 13.

Por causa dessa dinâmica, a cidade conta com trenzinhos puxados por um trator travestido de carro antigo para quem desejar apreciar os seus pontos turísticos. Os 50 passageiros, na sua grande maioria, são mulheres e homens de cabelos platinados, peles amadurecidas, olhos espertos atrás de lentes pesadas e com fones nos ouvidos.

Curtiam a atmosfera medieval guiados por um guia paciente e um motorista idem. Quando passavam por nós, cumprimentavam, sorriam e acenavam. A alegria do passeio estava estampada no rosto de cada um.

Cruzamos com esses trenzinhos mais de uma vez já que batemos perna por um bom tempo. E, claro, no meu caso, foi ótimo para deixar a imaginação voar: como seria a vida naquele local durante a Idade Média? Será que o padeiro morreu enforcado por causa da traição com a esposa do ferreiro?

Depois do passeio motorizado, esses grupos caminham por trechos curtos. E, como em todo tipo de excursão, se encontram em determinados restaurantes. Felizes.

O turismo sênior, dos mais velhos, da terceira idade, seja como for chamado, tem muito valor, seja aqui ou no Brasil. As pessoas têm tempo e condições para gastar.

A mesma dinâmica observei nos barcos de turismo pelo rio Reno, nos trans (tipo o VLT do Rio), nos ônibus municipais e intermunicipais: pessoas mais velhas se deslocam para lá e para cá. Com bengala, andador, cadeira de rodas acompanhadas ou não. Estão nas propagandas dos supermercados, dos bancos, das drogarias, das lojas de eletrodomésticos, dos cabeleireiros e, principalmente, das agências de viagens.

Você pode argumentar: Ah, mas, e o estado de bem-estar social europeu?” “E, a economia forte de alguns países da comunidade europeia? E, a menor quantidade da população? Tudo muito diferente do nosso país, né?”

Sim, tudo isso é verdade. Apesar de que depois da pandemia, da crise dos refugiados, de energia e da guerra entre Ucrânia e Rússia, as coisas andam bem diferentes Mudanças bem visíveis.

Mas, o ponto que desejo destacar é o respeito. Já escrevi sobre isso antes. Essa é a questão que me fez refletir. Não tem cara feia do condutor do trenzinho, nem do tram, nem da caixa da drogaria. Não há impaciência do garçom ou da garçonete nem do policial. Não importa a idade: a pessoa é atendida. E, pronto!

Não gosto de fazer comparação. Afinal, não serve para muita coisa. Há pontos positivos e negativos em todos os lugares do mundo.

Mas, respeito é bom e todos nós desejamos, seja qual for a idade, a cor da pele, o tipo de cabelo, a escolha sexual, a religião, da etnia, a profissão. Respeitar é humano.