Categorias:

A lição do girassol

Quem disse que saudade não é um sentimento com o qual aprendemos a conviver? Para mim faz sentido o ensinamento. Do contrário, murcho como o girassol quando a luz do dia se vai. E nem sei como me reerguer. É um alívio. Símbolo da esperança natural, essa flor me ajuda a perceber que assim devo agir para não me acabar de vez.

Preciso compreender como meu coração deve dar conta do buraco que fica quando a saudade bate. Mesmo que seja por algo já aguardado, ela se instala e deixa rastros.

Meu filho, nora e neta retornaram para a Europa onde vivem e trabalham. Sabia que esse episódio aconteceria. No entanto, andava experimentando uma fase querida, aconchegante e diferente.

A novidade que o bebê trouxe ao coração se foi junto com o Airbus 330 NEO. Taxiou, alcançou as nuvens e atravessou o oceano que nos separa. Não há o que fazer. Só escrever. Além disso, devo retomar a lição antiga de outras experiências semelhantes já que o dia a dia exige força para prosseguir.

Essa aula veio de casa mesmo. Como vivemos longe da família materna – minha mãe era da República Dominicana – fomos coexistindo com essa expectativa a respeito da saudade. Me desesperei com as lágrimas dela. Demorei a entender o que acontecia quando as cartas não chegavam.

Hoje, sei bem o que é. Portanto, refletir sobre as vezes que passei por situações iguais ajuda. Não apaga a saudade, mas dá ânimo e certeza de que mais uma vez estou aprendendo e que a espera do reencontro não dura para sempre.

Ainda bem que o WhatsApp encurta a chegada das notícias. Fotos de dentro do avião e na chegada ao aeroporto também alegraram a minha alma. Lágrimas podem rolar. No entanto, o fato de saber que tudo correu bem, apesar do choro esperado da menina de 3 meses, já faz meu dia melhor.

O girassol tem a esperança na sua natureza: sabe que o sol vai nascer de novo na manhã seguinte.