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O que fazer com a saudade?

Saudade passa. Tem gente que diz isso. Não, não, saudade chega e fica. Fica até perfurar o coração, a mente, a alma. Parece que nunca mais vai embora. Cola como crosta nas rochas da praia, como chiclete nos cabelos. É duro admitir, mas é isso sim, pelo menos, eu acho.

Quem diz o contrário – possa até dizer que tenho inveja – não sei em que planeta está. “Sinto saudade não! Tudo passa, saudade também”. Nossa! Fico aqui imaginando como pode ser assim. Que fortaleza, que força! Tenho isso não! Sou fraca pra essas coisas.

Sou uma caixinha de memórias que me soam saudosas, principalmente, daquelas que me ensinaram, que me guiaram, que me amaram. As que me fizeram sofrer vão sendo amassadinhas lá bem no fundo. Digeridas mesmo.

Essa caixinha não tem tamanho certo. Vai se moldando como meia-calça com lycra de acordo com o passar dos anos. Percebo agora que na maturidade ela cresceu mais ainda. Com a pandemia, incertezas, medos cresceu mais. Haja fio elastano para dar conta das dimensões dessa caixinha. Espero que não falte nunca.

Ela é recheada de pessoas, eventos, situações, perfumes, sabores, visões, cores que me conduzem na minha estrada pessoal. Saudade dos meus pais que já se foram, do meu filho que mora em outro país, assim como, do meu irmão. Todos estão longe. Um oceano nos separa. É meu exercício diário abrir a caixinha e aprender a conviver com a saudade de cada um (e de cada coisa) que está lá dentro.

Sou filha de um casamento que cruzou fronteiras. Sou metade brasileira, metade dominicana por parte de mãe, uma imigrante que largou tudo por amor e embarcou para o Rio. Sendo assim, não tenho família dela no Brasil. Estão espalhados pela Espanha, República Dominicana e Estados Unidos. Todos também longe. Ou seja, mais saudade.

Procurando aqui o que fazer para lhe dar com isso. Bem, a esperança também faz parte da minha caixinha!