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Vidas passadas são para sempre

Certos acontecimentos da nossa vida acabam nos marcando para sempre. Pode até parecer que não. Pode ser que fiquem jogados na vala do esquecimento. Ou dormindo naquela caixinha mental de onde não saem nem para passear em uma tarde quente de verão. No entanto, tenha certeza, um dia brotam na nossa frente. Até levamos um susto.

Eles são frutos de diferentes motivos, com personagens diversos envoltos em histórias bonitas ou feias. Aparecem em distintas fases da nossa vida e quando menos esperamos. São capítulos da nossa novela.

O retorno deles, sejam de momentos que nos alegraram ou perturbaram, chamam a minha atenção. Não os enxergo como uma maldição ou benção. Acho que voltam porque significam algo a mais no nosso crescimento pessoal. Tanto melhor quando deixam um aprendizado em prol do crescimento individual. Se surgem é porque foi necessário.

Com o passar do anos, fico achando que não tem jeito mesmo. Um dia, o que de fato assinalou minha existência de alguma maneira acaba vindo à tona por razões que nem sempre ficam claras à primeira vista. Simplesmente, surgem. Preciso encarar, analisar e seguir em frente. Essa volta não pode ser encarada como problema nem ser considerada uma maneira de paralisar a caminhada pessoal. A questão é como lidar com isso.

Vivi e revi essa minha visão ao assistir ao filme “Vidas Passadas”. Past Lives está em cartaz nos cinemas. É um suave drama que narra a história de um casal adolescente, amigos de escola em Seul, na Coréia do Sul, que se separam e se reencontram 24 anos depois em Nova York. É um retorno recheado de escolhas, toques do destino, amor, confronto cultural, decisões.  

O filme vem fazendo bonito no circuito de premiação de 2024. Foi indicado a melhor roteiro original no “Oscar”, no “Bafta”  e no “Globo de Ouro”: a melhor filme dramático, a melhor direção – a diretora e roteirista é a coreana Celine Song de 36 anos -, a melhor roteiro, a melhor atriz e a melhor filme em língua não inglesa – boa parte dos diálogos é no idioma coreano.

Me encantei com a abordagem delicada dos acontecimentos do passado que um dia retornam, que nos jogam na realidade dura do presente e mexem por demais com nos nossos sentimentos. E acabam definindo, quem sabe, o futuro.

Foi mais uma oportunidade de perceber e confirmar que quando o passado deixa marcas nada as apaga nem o tempo. É para sempre.