Nesse dia de aniversário, Lembrei de tantos outros que eram comemorados quase no ano seguinte. Episódios da infância. Vou explicar melhor. Nasci num dia 30 de dezembro, ou seja, uma data complicada para qualquer tipo de celebração.
No entanto, minha família por parte de pai sempre amou uma festa, principalmente, as infantis. Como neta mais velha e muito esperada depois de um aborto da minha mãe seria impensável não ter uma comemoração pelo dia do meu nascimento. Mas, essa data, a véspera da noite de Ano Novo, era um dado complicador. Duas festas, além de difíceis de serem produzidas, eram muito caras para o bolso.
Enfim, meu pai resolveu dar um jeito nessa coincidência de datas: a festa no dia 31 de dezembro era para mim e para o ano que se aproximava. Tudo junto e misturado.
Assim, havia uma mesa na sala com motivos infantis – a cada ano, minhas tias escolhiam um tema – repleta de brigadeiros, cajuzinhos, balas de côco e um lindo bolo branco com uma vela no alto. A roupa da festa também era nova e costurada por elas. Essa etapa do evento acontecia por volta de 6, 7 horas da noite.
Lá, pelas 9 horas, começava a festa para comemorar a chegada do Ano Novo. A família se dirigia para o quintal da casa. O cardápio mudava. Empadas, rissoles, pernil assado, salada de batata, farofa, frutas secas ocupavam outra mesa montada somente para o dia. E, claro, o guaraná, dava lugar ao Chopp e ao vinho tinto.
À meia-noite, fogos, abraços, orações. Uma hora depois, mais ninguém restava na casa de subúrbio onde vivíamos. Cada um se recolhia para o seu lar. E eu ficava no meu quarto ainda ouvindo o som dos fogos ao longe em meio aos meus presentes e já no ano seguinte.
Hoje, acho tudo isso, muito engraçado e peculiar. Marcou minha infância. Durante muitos anos, achei que o Ano Novo chegava por minha causa. Criança tem cada uma, né?
Que bom isso acontecia. Só que tenho que agradecer a energia e as vibrações que todos colocavam na data do meu nascimento e pela minha saúde. Desejo a todos o mesmo.
