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Pelé e o meu pai

Não preciso voltar a dizer o quanto o futebol faz parte da minha existência. E que amo esse esporte desde muito pequena. Apesar de não ser especialista no assunto.

Minhas primeiras lembranças são as palavras do meu pai. Ele contava sobre a tristeza da derrota do Brasil na Copa de 1950, sobre Leônidas da Silva – o “Diamante Negro” – e sobre as loucuras que um menino fazia com a bola nos pés. Ou seja, Pelé.

Ele não cabia em si com o que ouvia pelas ondas do rádio, principalmente, quando a seleção brasileira foi campeã em 1958 e 1962. Contava casos. Falava sobre jogadas. Se dizia orgulhoso de um jogador negro como ele que era ovacionado pelo o mundo, que elevava o nome do país ao hall da fama do esporte.

Há um detalhe que deixa esse respeito ainda mais valioso. A primeira vez que, aos 16 anos, o rei do futebol fez um gol no Maracanã foi contra o time do meu pai, o carioca América Futebol Clube em 1957. Nada disso o abalava. Para ele, Pelé era o ápice do futebol. Ele era tudo aquilo que se esperava, e muito mais, de um jogador. “É um gênio”, dizia.

Minha memória mais antiga e forte do rei é a Copa do Mundo de 1970 no México. Dessa vez, já com a televisão da marca Semp que ficava na sala de visitas da nossa casa no subúrbio. Para o meu pai, foi a chance de confirmar para meu irmão e eu que tudo o que ele sempre falou era a mais pura verdade. “Pelé é espetacular. Olha, só, o que faz com a bola”.

Os dois já não estão mais por aqui. Não podia deixar de pensar nessa admiração de meu pai quando assisti as imagens do cortejo do caixão de Pelé pelas ruas da cidade de Santos.

Aprendi muito a amar o esporte, as grandes jogadas, a dedicação e a alegria de estar em campo através desse encantamento paterno.

Minha homenagem e muito obrigada a esse jogador ímpar que tanto me fez ter amor pelo futebol. Descanse em paz. Como meu pai falava: Não vai existir outro igual”.