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Esqueci de mim

Covid, chicungunha, resfriado, zica ou dengue de novo? Assim, foram os meus últimos dias. Tentando descobrir o que me derrubava a cada hora, a cada passo. Pensei: tudo de novo? 

Há 8 meses meu marido e eu pegamos dengue pela primeira vez. Sabe-se lá de onde surgiu o tal mosquitinho malfadado. Só sei que febre e mal estar nos levaram juntos para a emergência de um hospital. Foram alguns dias de internação para ele e outros em casa para que eu me recuperasse. Por isso, imaginei que o mosquito pudesse estar de volta para me atazanar. Não curti em nada essa possibilidade. Pelo contrário, me revoltei.

Desde então, tomei algumas providências que, aliás, já deveria ter tomado. Os vasos da sacada do nosso apartamento têm pratos preenchidos com areia para não deixar acumular a água e só tenho uma orquídea plantada por vez dentro de casa. As janelas têm telas removíveis. A gente pensou estar protegida. Será que o sem graça estaria de volta?

Nada disso. Demorei a entender que uma crise alérgica estava retornando. Afinal, fazia mais de cinco anos que não recebia essa visita desagradável. De alguma forma, meu corpo vinha armazenando capacidade de reagir ao que detona a alergia: a poeira. Fiquei livre por esse tempo. Acredito também que o isolamento durante a pandemia e o uso de máscara podem ter contribuído.

Só que dessa vez, o meu dia a dia cheio de demandas me fez esquecer do agente agressor. Comecei uma obra em casa para retirada de parte do piso. Foi a detonação da crise. O pessoal que está fazendo a reforma fez de tudo para amenizar meu sofrimento. Pouco adiantou.  Além disso, no trecho onde moro há outras duas obras. Inferno empoeirado.

Com tanta coisa para rearrumar nos cômodos, família chegando da Alemanha, tarefas das aulas, material para comprar, esqueci de mim. Esqueci que a poeira é minha inimiga. Fui atingida de forma arrebatadora. Para me enlouquecer mais fiquei sem internet.

Sei que deveria ter usado máscara, bebido muita água, lavado muito as mãos e os olhos. Não fiz nada disso. As dores no corpo, o cansaço, a pouca vontade comer e de me mexer, nariz congestionado me acompanharam nos últimos dias.

Tentei me tratar como das outras vezes. Não deu certo. Na visita à alergista, levei uma suave bronca – se assim, posso dizer. Medicação trocada, como sempre digo, vamos em frente.

Enquanto escrevo essas linhas já me sinto melhor. Longe do meu ritmo habitual, mas é assim mesmo. E que me fique a lição: não posso me deixar para lá. A gente sempre tem muitas tarefas com a casa, com o trabalho e com a vida em geral. No entanto, pagar com a saúde não é boa escolha.