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Da dor e do autoacolhimento

A dor é um ensinamento seja da origem que for. Pode parecer loucura, mas é o que venho testemunhando ao longo da vida. Por outro lado, aprender com ela não é a melhor saída. Com o amor seria o mais indicado. No entanto, nem sempre é possível, nem sempre a gente sabe como agir quando uma situação dolorosa se faz presente. Passei por isso várias vezes ao longo da minha existência. Já fui derrubada porque não refleti a respeito desse conceito de aprendizagem que a dor propicia. Continuo tentando. Erro, sofro, procuro me levantar e absorver o aprendizado.

Há alguns meses, venho contando aqui sobre as dores que me afastaram da corrida, de outras atividades físicas e até das longas caminhadas. Ainda me recupero de uma pubalgia – inflamação que afeta os tendões do músculo reto abdominal e a parte frontal da bacia. No meu caso, a área inflamada se espalhou até a base do glúteo.

Explicações médicas para esse tipo de dor são as mais diferentes possíveis. Por hora, apontam para um desbalanço na região dos quadris. Morri de rir com essa causa. Pensei logo: “não posso sambar”. Não sou sambista, ok? Mas, gosto muito. Tudo isso, somado a outro fator: a quantidade de horas que passo sentada escrevendo. Confesso que é difícil parar em meio à construção de uma frase ou à lógica de um parágrafo. Agora não deixo mais um copo de água perto de mim. Levanto de tempos em tempos para me mexer.

Estou me tratando desde então com fisioterapia e com um trabalho específico nas aulas de musculação. Além disso, tem sido fundamental, a perda de peso. Os quilos que acumulei durante a pandemia são teimosos. No momento, acredito que estão se conformando em me abandonar: quatro deles já foram eliminados.

Acho que é assim mesmo. A cada dia que passa, vou aprendendo a me entender como uma mulher madura, há anos na menopausa e com suas questões individuais.

Já houve tempo que, em vez de me compreender – e, ao mesmo tempo, me perdoar -, sentia muita ira de mim mesma. Ficava zangada com os quilos a mais; lutava contra a dificuldade de não conseguir praticar os esportes que sempre amei; me xingava porque não entendia o que estava acontecendo.

No entanto, foi fundamental que eu me enxergasse como um ser único para poder ultrapassar a situação de dor. Precisei aceitar as condições e os acontecimentos que a vida estabeleceu para mim. Esse foi o começo da melhora. Assim, espero.

Estou aprendendo bastante com esse último episódio doloroso. Venho me acolhendo cada vez mais. É como se eu estivesse me colocando no colo, me abraçando.

E, pensando bem, não serão essas dores que vão me impedir de seguir em frente.