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Carnaval e a fada do dente

Sempre curti Carnaval. Sempre me encantei com o “bum bum praticumbum” da bateria de uma escola de samba, com o deslizar da porta-bandeira e do mestre-sala, com o sorriso dos passistas. Tudo é mágico. Inebriante.

Já com dois anos, meu pai me levava no colo para ver os desfiles da Avenida Rio Branco no centro do Rio. Naquela época, não sei qual o tipo de desfile. Com certeza, não era o espetáculo do Sambódromo de hoje. Mas, com certeza, eram tão encantadores que ficaram na minha memória.

Minhas fantasias desde bebê eram confeccionadas por uma tia costureira e com muito talento para criar e bordar. Ainda menina, comecei a opinar sobre o que queria vestir durante o Carnaval. Sou daquelas que ia para as lojas do centro de compras da cidade, popular Saara, para escolher os tecidos e adereços. Entrávamos de loja em loja, negociávamos preços, pedíamos opiniões. Os vendedores achavam engraçado o meu interesse. Esses passeios sempre acabavam na Confeitaria Colombo distante dali alguns quarteirões a pé. Adorava.

De quebra, ajudava a escolher a fantasia do meu irmão mais novo. Acho que esses momentos foram a base para que um dia eu tenha trabalhado com moda, figurino e produção. Aprendi com essa tia.

O bom da fantasia é que você pode viver vários personagens em um único dia . Fui cigana, odalisca, marinheira, pirata, melindrosa, baianinha, índia apache, havaiana. E, por aí vai. Fui a vários bailinhos infantis. No entanto, nunca desfilei em uma escola de samba – está na minha agenda pessoal. Trabalhei bastante durante nos eventos que rodeiam o Carnaval como jornalista, produtora de camarotes, atendimento. O cansaço era enorme. A alegria e a emoção maiores ainda.

Nesse pré-Carnaval 2024, a fada do dente com sua fantasia dolorosa surgiu. Levou com ela um molar cansado e desgastado pelos anos. Precisei fazer uma cirurgia e vou ficar por aqui sem agitação me recuperando. Estou indo bem.

A proximidade desses dias que tanto amo destampou essas belas lembranças dos carnavais de toda a minha vida. Vou acompanhar pela tevê. Tudo certo. No ano que vem tem mais e quem sabe não estarei por lá desfilando em meio àquela magia estonteante.