Sei que a palavra “respeito” está sendo testada dia a dia; que, parece, saiu do vocabulário de muita gente. Mas, mantenho a fé de que, mesmo apanhando do jeito que apanha, não vá fugir nem deixar de fazer parte das nossas vidas. É um desafio.
Pensei nessa palavra, já que nessa semana se comemora o dia do orgulho LGBTQI+. Achei apropriada demais. Respeito é bom e todo mundo gosta.

Ouço essa palavra desde criança. Várias vezes e em várias ocasiões. Tenho lá minhas dúvidas o porquê de ouvi-la tanto. Quem sabe, por ser filha de um casamento interracial. Ou, porque, minha mãe era imigrante de ascendência espanhola, falava engraçado, como comentava a vizinhança do bairro suburbano onde vivíamos.
Como já disse por aqui, ela nasceu em um pequeno povoado de uma ilha no meio do mar do Caribe. Os vizinhos nem sabiam apontar no mapa geográfico onde era esse país, República Dominicana. Posso dizer que a nossa família era meio estranha aos olhos deles, dos pais da turma da escola e do grupo da missa de domingo.
Foi preciso exercer o direito de existir com firmeza. Aprendi desde cedo com meus pais que “respeito é bom e eu gosto”. Uma frase clichê, mas que é genuína. E, se eu gosto, o outro também tem o direito de gostar de ser tratado com respeito. Sem discussão, as pessoas precisam aprender a respeitar quem quer que seja. Não tem cabelo diferente, roupa estranha, escolha esquisita. Todos tem lá as suas opções. Cada pessoa que siga seu caminho da maneira que for melhor para si.

Escrevendo essas linhas, lembrei de um episódio de infância. Meus pais sempre se esforçaram demais para que meu irmão e eu tivéssemos um boa educação. Essa era a prioridade. Conseguiram nos manter um tempo razoável em colégios particulares. Deixamos de ter roupa nova, brinquedos famosos – aqueles que toda criança deseja – férias de verão, almoços e jantares fora de casa.
Minha pasta escolar – nada de mochila – era bem simples, mas conservada. Uma vez, alguns alunos caçoaram muito de mim por causa dela. Fiquei triste. Apesar de não ser a mais moderna, era cuidada com carinho e engraxada toda semana para durar mais tempo.
Claro, que cheguei em casa e contei para minha mãe. Ela me abraçou, me acalmou. Disse para não levar a sério, afinal era apenas uma pasta. Acrescentou que aquele objeto não iria fazer ninguém passar de ano ou tirar a melhor nota. E, foi, sim, falta de respeito com uma colega de sala. Me disse para não brigar, não gritar, mas para procurar se dar sempre o respeito e não abaixar a cabeça.
A mensagem ficou. Respeito se constrói dentro da gente. O entendimento começa aí. Se há respeito, há empatia, compreensão e aceitação. A vida é melhor.