O ano mal começou. Mas, parece que o cansaço mental – emocional já voltou. Não sei se sou eu apenas que estou assim. Ou se tem mais gente no mesmo estado. Imagino que sim.
Acompanhando posts e perfis das redes sociais percebo que depois da estupefação de um domingo inacreditável na capital do país veio uma fadiga inesperada. Mudou a sensação de ano novo.

A cada dia que passa surge uma perturbação diferente, seja em Brasília, no Paraná, em Rondônia. Tudo me faz acreditar que ainda estou em 2022. Ou, quem sabe, em um passado mais longínquo que teima em não ir embora. Um passado que se colou com super bonder em corações e mentes de alguns que impede o tempo de se mexer. Desejam que os ponteiros do relógio caminhem para trás.
Parece que estamos em uma roda gigante que não chega ao seu ponto de parada final. É como se a cada passagem pela parte mais baixa – quando deve tocar o solo e nos permitir o desembarque – ela retornasse a subir em direção a outro evento radical sem nenhuma noção de civilidade e de respeito.

Assistindo as imagens da depredação dos edifícios públicos de Brasília, lembrei da destruição dos Budas Gigantes no Afeganistão. Em 2001, por ordem dos chefes talibãs, duas estátuas conhecidas como “Budas de Bamiyan” foram destruídas – uma delas tinha 53 metros de altura. Relacionadas na lista de Patrimônio Mundial da UNESCO, foram erguidas no século V. Hoje, há destroços dos rostos dos budas. Meu coração ficou dilacerado. Minha alma enlutou.
Voltei a ter o mesmo aperto no peito. Nunca imaginaria que brasileiros, como eu, pudessem em sã consciência praticar um ato de depredação bárbaro carregado de tanto ódio e de tanta desinformação.
Todos têm e devem expressar suas escolhas. Basta somente respeitar os outros. Conversar não faz mal a ninguém. Discutir idem. Destruir o outro está fora de cogitação. Estou cansada dessa ideia de que há apenas uma forma de enxergar o mundo. E que se dane o resto. A mudança é necessária. Do contrário, o cansaço não vai nos largar. Será permanente.