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O que explica a paixão?

O que faz meu coração bater mais rápido quando as cores vermelho e preto invadem a minha razão? O que faz meus intestinos se retorcerem, minhas mãos suarem, meus olhos se deslumbrarem? Por que minha alma se enaltece por estar vivendo esse momento?

O Flamengo faz de mim tudo isso a cada entrada em campo, a cada grito da torcida magnífica, a cada gol.

Nos meus muitos anos de vida sigo com a mesma pressão no peito. Lá se vão muitos jogos, muitas vitórias, muitas derrotas desde que pisei pela primeira vez no Maracanã. Era tão pequena que meu pai me carregava pra subir as velhas arquibancadas de concreto. Um passo muito grande para uma menina de quatro anos. É uma história moldada ao longo de tanto tempo que me confunde e não me explica nada. A marca da emoção antiga permaneceu inalterada.

Seja com o time que for, seja contra o time que for, sempre experimento um sentimento único e arrebatador. Incondicional paixão que já me fez dormir mal ou nada porque perdemos ou porque ganhamos. É tudo tão misturado que nem sei bem como expressar o que sinto.

Comemoro cada gol com a felicidade máxima, com palmas, socos no ar, gritos que doem na garganta, alegria ímpar. Comemoro como se fosse o primeiro que eu tenha visto na vida. Parece que nunca existiu outro igual.

Uma bola na rede do Flamengo provoca em mim uma tristeza diferente. Profunda. Na maioria das vezes, não chego a ficar com raiva do adversário. É descontentamento mesmo. Ainda mais quando a tevê reproduz em câmera lenta o caminho percorrido pela bola desde os pés do jogador do outro time até bater lá no fundo. A rede balança bem devagarinho como que para me torturar. Dor. Não gosto de ver essa cena não.

Curto ver o Flamengo brilhar, ter fibra e de fazer toda a nação explodir em um só grito de vitória. Esse prazer é do tamanho do mundo, pulsa a cada gol, a cada taça erguida.

A razão desse amor eu não sei definir. Prefiro seguir meu coração e me apaixonando cada vez mais.

Seria um desgosto mesmo se o Flamengo não existisse no mundo.