Percebo que a cada dia tudo que me rodeia fica mais confuso e violento. Quando, na verdade, deveria ficar mais simples. Esperava que a maturidade me trouxesse mais entendimento. Ou, quem sabe, me ajudasse a navegar nesse mar encrespado com as velas mais . No entanto, o ambiente está bem complicado, ainda mais nessa fase de campanhas eleitorais. É muita bagunça.
Há dias, publiquei um post sobre uma experiência de trabalho por causa do evento “a cadeira” durante um debate em São Paulo. Foi logo no começo da faculdade de Comunicação durante a apuração de votos de uma eleição. Hoje, continuo no assunto e de novo por causa de outro debate. Período eleitoral é para constatar que a humanidade involui de fato. É para se espantar. É para se envergonhar. Quando penso que já vi de tudo, me esborracho.
Vem cá, quem foi que disse que soco, porrada e bomba pagam os salários dos funcionários públicos, constroem escolas, colocam ônibus na rua ou organizam a coleta de lixo?
Entendo as táticas de marketing e o uso da chamada comunicação agressiva como forma de conquistar espaço. Se expressar de maneira hostil intimida, humilha e desequilibra o outro. Como costumo dizer é o popular “ganhar no grito”, seja num jogo, numa reunião ou num debate. Estranho demais.
Fico pensando o que se passa na cabeça dessa gente, seja no lugar do mundo que for, que imagina que gestão também se faz desse jeito. Seria como se um berro raivoso retirasse a planilha de gastos ou o projeto de pavimentação de uma rua de dentro do computador: “Ei, sai daí já e cumpre o que ordenei. Não reclame!”. E num piscar de olhos, a obra ficaria pronta com direito a palanque, muitas fotos e aplausos na inauguração.
Não é bem assim. Não é verdade?
A questão é chegar ao poder como for possível. O que cada cargo pressupõe e demanda é bobeira. Não vale a pena se deter nesse detalhe. Sim, porque, na verdade, os cidadãos são apenas um detalhe nessa engrenagem. “A profusão de coisas escondia a escassez e o desgaste das crenças”, Annie Ernaux no livro “ Os Anos”, a frase parece profecia.
Às vezes, fico achando que seria melhor não saber de nada. Mas, não quero e não vou desistir. Sigo procurando de alguma maneira entender o que acontece. São tantas nuances de cada episódio e de cada conversa que me confundo em mim mesma. Haja leitura, estudo e olhos sempre muito abertos.