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A beleza de aprender com a vida

A gente tem a tendência a imaginar que quando atinge algum objetivo ou realiza um sonho que tudo está ganho. É como se dali em diante não fosse surgir outro desafio a ser transposto ou outro desejo a ser alcançado. Temos essa propensão preguiçosa de achar que a vida é reta como uma régua e que se completa por conta de uma determinada conquista. Gostamos de nos enganar.

Vamos andando sem nos darmos conta do que acontece ao redor. Vivemos boa parte do tempo nos distraindo com sons, cheiros, acontecimentos e imagens. Escrevendo essas linhas, percebo quantas vezes me comportei e, quem sabe, ainda me comporto dessa maneira. Me deixo levar, às vezes, por notícias e eventos que embolam a minha visão e não me permitem enxergar além deles. Até me espanto.

Podemos dizer que os dias atuais são uma fonte sem fim de assuntos que provocam nossa distração. Das questões de um novo governo em algum lugar do mundo ao surgimento de novas tecnologias passando pela IA e pelas sempre presentes redes sociais, tudo pode tirar a nossa concentração.

Entendo que daqui do meu canto nada posso fazer de concreto para resolver ou mitigar casos como os recém decretos norte-americanos sobre a imigração, por exemplo. Não deixo de me indignar. Não dá pra fazer “ cara de paisagem” ou “ouvidos de mercador”. Toca o fundo da alma. Sou filha de imigrante e casada com um filho de imigrantes.

No entanto, preciso ir em frente e entender que é um dever comigo mesma compreender que apesar de tudo há beleza na minha vida. Além disso, devo dar conta dos meus assuntos individuais e priorizar o que for necessário.

Procuro meditar e me tranquilizar. Não dá para permitir que o ambiente atribulado externo me impeça de ver mais além. Do contrário, deixo de perceber que devo sempre tomar a rédea de algum imprevisto, buscar uma solução e continuar caminhando apesar da balbúrdia que me cerca.

Sei que em alguns momentos passados deixei para tomar a iniciativa quando já não havia mais solução. Desperdicei o que a vida estava tentando me ensinar.

Uma das belezas do mundo é exatamente saber como lidar quando o inesperado nos diz “olá”. O que fazer quando o que está no seu entorno é árduo e angustiante? Deixar “o acaso me proteger enquanto eu andar distraído” , como na canção “Epitáfio”, ou “deixar a vida me levar” como canta Zeca Pagodinho? Fica ao gosto do freguês. Cada ser humano tem a opção de encontrar o seu momento e o seu jeito de atuar. Há inclusive a possibilidade não fazer nada.

Existem fases boas, tenebrosas, duvidosas, outras espetaculares. Há dor, lágrimas, sorrisos, beijos, amor. No final das contas: “É a vida. É bonita. Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar e cantar. A beleza de ser um eterno aprendiz”, como Gonzaguinha escreveu. Essa é a minha escolha.