Das coisas que um dia podem acontecer: sem dados no celular, acesso irregular do wifi, ou seja, sem internet. Enfim, essa sou eu nesses primeiros dias de agosto. Sumi por conta disso.
Para melhor contextualizar devo contar o que andei fazendo. Meu filho e nora têm um duo de música eletrônica e vivem na Alemanha. Tinham uma turnê na Itália com participação em um festival na Sicília. Sim, atravessamos o mar na altura de San Giovanni em direção ao porto de Messina.
Aqui, embaixo dá pra perceber a quantidade de carros na travessia de 40 minutos em uma barca que tem mais de 100 metros de comprimento.

A caravana teria que percorrer algo em torno de 4.500 km entre ida e volta da Alemanha com a Suíça no meio do trajeto. Como não programei corretamente o uso dos dados nas estradas pelos três países, me dei mal: falha da Produção.
Lá fomos meu marido e eu nos unir ao desafio. Ele pelos conhecimentos técnicos de eletrônica, mecânica e elétrica e, eu, pelos anos de produção de eventos e pelo italiano que falo – pouco, mas suficiente. Em um carro de 1998, abarrotado de equipamentos e com duas pequenas malas pessoais, partimos cedo numa manhã quente de Mannheim, no estado de Baden-Würtemberg.
Para começar, devo confirmar: as famosas autobahns alemãs são maravilhosas. E, o melhor de tudo, são seguras. Retas que parecem infinitas, pistas largas bem sinalizadas e velocidade que beira os 180 ou 200 km por hora para quem tem um BMW 2022, por exemplo. Não era o nosso caso. Muitos caminhões modernos, iluminados e coloridos com visual dos filmes e desenhos dos “Transformers”.

Na passagem pela Suíça, mais ou menos, por duas horas, tive a sensação que estava o tempo todo cortando um vale tamanha a quantidade de colinas com casinhas aqui e acolá que margeiam a rodovia A1. Linda paisagem de filme. Depois de atravessar a Suíça alemã seguimos em direção à Suíça italiana, onde apesar de ser ainda solo suíço, as placas de sinalização, o nome das lojas e das ruas já estão em italiano.
De repente, um engarrafamento enorme de uma hora na fronteira: outra pista e outro túnel estão sendo construídos. Atraso na logística, mas sem ter o que fazer. Mais uma vez, a Produção falhou: sem acesso ao Google Maps fica mais difícil.
Quando saímos do engarrafamento, passamos pela comuna de Chiasso, nome italiano, mas cidade suíça. Em seguida, avistamos a estrutura da aduana e, pronto, o belo lago Como, que se estende por quase 150 km, não podia nos enganar: enfim, o norte da Itália.

Dali foram mais 480km e 5 horas e meia até Castiglione del Lago, na região da Úmbria, local do primeiro show da agenda. Uma cidade medieval em torno do Lago Trasimeno, que faz parte, desde 2006, de um programa da ONU chamado “Living Lakes”, lagos vivos. Um grupo de 64 lagos ao redor do mundo reconhecidos pela prática de crescimento sustentável.

Maravilhoso local com pequenas praias, três ilhas – em uma delas, Isola Maggiore, São Francisco de Assis passou um período de meditação no ano de 1211. Para cada canto que eu olhava, enxergava a presença da História. Incrível. Mas, sem dados no celular, tudo ia ficando para trás.
Com a correria dos shows, a necessidade de integração veloz em cada cidade e, claro, sem internet, me enrolei. Não pude contar tudo o que meus olhos viram e meu coração sentiu.
Agora, de volta às terras alemães, estou me concentrando e descansando a mente para escrever mais sobre esses intensos dias da caravana.
Tudo deu certo. Eles fizeram excelentes contatos e foram mega bem recebidos e aplaudidos. Sem contar, com a experiência com a espetacular comida italiana que merece texto à parte.