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Uma lição natural da vida

Encostada a uma árvore, eu enxergava o mundo de longe. O sol brilhoso do outono me dava preguiça, aliás, a época mais linda no Rio de Janeiro. Céu sem nuvens, temperatura amena, pouca chuva. Não queria me mover: o lugar era confortável. Só imaginava o que poderia estar me esperando longe dali.

As folhas balançavam para lá e para cá, o que, claro, aumentava a minha vontade de ficar quietinha. Sentia um clima protetor em volta de mim. Pude me dar conta de que forma havia chegado até ali. Foram dias. Nem estava acreditando como o tempo havia passado tão rápido.

Há fases que aceleram a nossa existência. Uma semana pode parecer um dia. A gente nem se dá conta. Quando cai em si, já é hora de mais uma mudança. E, pior, quando chegamos nesse estágio, não é possível mais voltar atrás. É como um empurrão da vida que diz de maneira incisiva:

Vá em frente!

E, não é que de repente, senti como se algo estivesse me empurrando! Não queria me mexer. Mas, meu corpo se movimentava. Precisava abandonar o meu estado de tranquilidade. Mas, achei que não estava pronta. Pensava que ainda havia muito para ser feito. Precisava me preparar melhor.

Queria ser mais bonita, mais produtiva. E, isso demandava mais tempo, mais esforço. No entanto, eu estava sendo levada para outra etapa. A realidade da minha natureza me esperava, enfim. De nada adiantaram meus argumentos.

Deixa de ser preguiçosa, lagarta. Quem faz o caminho mais brilhante é você. Eu, a vida, só dou o empurrão. Você constrói a sua trajetória. Voa que assim poderá ser aprecida como bela e colorida como de verdade é. Voa que o mundo lhe espera”.

Emergi. Ainda com medo de que minhas asas não funcionassem, que meus olhos não alcançassem a luz. Mas, voei. O céu estava mais azul do que eu pensava. O ar estava mais leve do que eu esperava. O mundo estava à minha espera. Vamos em frente.