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O perdão não é fácil

Cada vez que precisamos enfrentar um obstáculo desconhecido ou um acontecimento negativo, somos postos à prova. São as tais surpresas, as curvas da vida.

Nossos caminhos são repletos delas. Quando menos esperamos, aparece diante de nós um fato ou uma pessoa que de alguma forma nos confunde, nos desafia e, às vezes, nos derruba. Hoje, consigo perceber as ocasiões nas quais estive chegando perto de alguma curva da minha estrada e não a avistei com um aviso de perigo.

Estava tão envolvida pelos sons dos meus passos, pelo cheiro das plantas, enfim, de tudo à minha volta, que me deixei cegar. Fui embriagada pela beleza que é a vida. Ao fim, dei de cara com um momento complexo que me levou ao chão. Doeu fundo na alma e no corpo.

Acho que não vale a pena citar as vezes que uma curva brusca atravessou meu dia. No entanto, os anos vem me mostrando que o mais importante foi compreender o que fazer com a circunstância repentina, de onde tirar força, como não sucumbir mais ainda.

Procurando me afastar do cenário e entender o contexto, cheguei à conclusão que foi, e é sempre, necessário exercer o perdão, antes de mais nada. Perdoei a todos os envolvidos e, principalmente, a mim mesma. Por mais empatia e confiança que eu tenha gerado, em relação a todos e a tudo, acredito que não produzi o suficiente para que o efeito final fosse o mútuo entendimento. A intenção de todos envolvidos pode ter sido boa. O resultado nem tanto. Não afirmo que alguns participantes dos muitos tropeços do meu percurso não tenham pensado de fato em trazer discórdia. No entanto, prefiro afastá-los da análise final e deixá-los dentro do capítulo dos equívocos.

Vivemos um período delicado e beligerante onde todos desejam ter razão, porém nem todos aceitam que os outros tenham razão. Parece trecho de filme distópico quando, por exemplo, todos querem ter acesso à água, mas não permitem que os habitantes de outras tribos ao redor também possam beber da mesma fonte. Ou seja, salve-se quem puder. É discussão, disputa, desentendimento, morte. Aos poucos, acabam se enfraquecendo. Até que surge um grupo de fora da região mais coeso e potente que toma os fracos que não se entenderam pela falta de união e compartilhamento.

Com o perdão instalado, é hora de agradecer e aprender. Você pode até me perguntar se isso é possível e fácil. Não é fácil, mas é possível. Não quero viver com uma nódoa no coração. Quero seguir em frente. Só assim poderei ficar mais alerta para perceber por onde piso. Não quer dizer que não passaria por esse local da estrada de novo ou que tomaria um atalho. Não, não é isso! Novos desafios irão surgir. A questão é como caminhar, aproveitar o trajeto, saber agir de acordo com o evento e perceber ao longe aqueles que só desejam confusão e problemas.

“As provas chegam a todo momento. E só utilizamos essa reserva de força quando a vida nos põe à prova. Fica uma pergunta para você pensar: por que não fazer uso dessa reserva insuspeita de força sem que sejamos desafiados e também nos bons momentos?” (Teresa Maia)