Dia desses, acordei meio pra lá, meio pra cá.
Depois de lavar o rosto, lembrei do artigo “Decrepitude à vista” da minha amiga Kika Gama Lobo: “estamos vivendo mais, porém, muitas vezes, não melhor”. Essa frase caiu como uma luva no meu começo de dia sem energia e com dores pelo corpo.
O simples sair da cama, colocar a roupa de treino, tomar o cafezinho, calçar o par de tênis e rumar para a academia, por exemplo, me pareceu um pesadelo. Estava além das minhas forças.
Me espantei comigo mesma. Por um rápido momento, achei que não era eu que estava passando por aquela sensação estranha. Não era a primeira vez. Anda frequente.
Há alguns anos, sou adepta da musculação depois de ter passado por aulas de dança, corrida e spinning. Preciso ter músculos para manter meu esqueleto em pé, carregar bolsas de supermercado – nem sempre dá para pedir a lista por um APP, são lentos demais – subir e descer dos ônibus urbanos e sentar nos bancos do metrô.
No entanto, o entusiasmo anda escasso.
Esse ano, já precisei interromper meus treinos por algumas vezes. Lá se foram dois dentes que cansaram de ficar na minha boca; surgiu uma condromalácia patelar no joelho esquerdo, uma fascite plantar no pé esquerdo e uma rinite alérgica.
Todas essas paradas me tiraram do ritmo. Retomar é uma merda. Isso sem tocar no tema menopausa com todos aqueles sintomas e consequências que estão juntos nessa fase da vida das mulheres. Muito chato.
Várias perguntas surgem dentro de mim. O que fazer? Ficar na cama? Chorar? Deprimir? Engordar? Já que não treino, os quilinhos vão ressurgindo pouco a pouco.
A leitura logo pela manhã tem me salvado.
Como levanto cedo, bem antes de sair de casa, procuro lembrar onde parei em algum livro que estou lendo. Minha curiosidade tem sido maior que tudo. A simples ideia de acompanhar uma personagem já modifica minha mente.
Tomo o cafezinho já com as páginas abertas. De repente, olho para o relógio, vejo que os minutos passaram e que preciso sair de casa. Percebo que a vontade de me exercitar vai ressurgindo.
Acredito que encontrei um jeitinho de retomar aquilo que me ajuda a lidar com essa fase turbulenta do envelhecer: a atividade física.
Voltando ao texto da Kika: “Até quando você vai ficar achando que durarás bem para sempre? Entrou nos enta, enfrenta”. Vamos em frente.