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30 anos que voaram e o tempo

O tempo é ligeiro, né? Vive sem esperar por ninguém. Na maioria das vezes, é negligenciado. Tocamos o dia a dia sem perceber que ele passa apesar de nós. Se comporta como um viajante com rumo só conhecido por ele que atravessa os caminhos dos seres humanos sem se importar com que cada um vai fazer na sua passagem. “Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei” , como escreveu Gilberto Gil.

Com o passar dos anos, restam aqueles chavões de linguagem, como “num piscar de olhos”, “na velocidade da luz”. Daí, lembramos de que não fizemos isso ou aquilo, que não mudamos de casa ou de país, que não engatamos aquele romance, que não mudamos de profissão. Enfim, que nos deixamos levar pelo tempo.

Com a percepção dessa velocidade, chegam também as rugas, as dores constantes nos joelhos, a taxa de glicose que não baixa, assim como, os quilinhos teimosos. Envelhecemos. Bate uma preguiça só de pensar nos anos que voaram.

Tento refletir sobre as diversas fases da minha existência sempre procurando não me cobrar ou culpar. Exatamente para não me impregnar dessa percepção do tempo. As circunstâncias são muitas e diferentes. Mudam. Preciso me adaptar a cada uma que surge. Nem sempre dá certo. Mas, tento. No entanto, levei um susto quando parei para pensar em 1994 após a leitura de uma notícia.

Só para citar algumas efemérides daquele ano: morte de Ayrton Senna em 1º de maio, lançamento do Plano Real em 1º de julho, seleção brasileira tetracampeã do mundo de futebol em 17 de julho nos Estados Unidos, uma eleição presidencial depois de tempos turbulentos na política nacional.

Lembro que naquele ano, eu tentava entender como dar conta de tantas novidades e desafios em um país que buscava a trilha do equilíbrio monetário. Tudo acontecia em meio a eventos, produção de fotos, figurinos para filmes publicitários, orçamentos apertados e filho para criar.

Era tanta coisa acontecendo dentro e fora de casa que quase surtei.  Como sempre, a dança e a atividade física me salvaram. Eram os momentos de tranquilidade.

Enfim, chegamos a 2024.

O “real” não foi substituído por nenhuma outra moeda, como já havia acontecido antes dele. A seleção brasileira é pentacampeã. O país já trocou de presidente nove vezes, mesmo alternando os nomes. Só não surgiu outro piloto como o Senna.